Por Nathalia Ferreira
Em forma de mochila ou em forma de bichinho de pelúcia é a polêmica da coleira infantil. Esta custa em média R$ 70. Mais comum nos EUA, Europa e Japão, chegou ao Brasil e rendeu muitos comentários. Na web o que não faltam são matérias e postagens em blogs, com diversos comentários com todo o tipo de opinião.
O engenheiro, Carlos Henrique Ferrer, tem uma filha de 1 ano de idade e diz ainda não ter usado o acessório infantil em sua filha, porém não vê problema algum no uso dela. “Não há desvantagens e aumenta segurança da criança”, diz Carlos. Quanto à imagem da criança, um dos temas mais polêmicos, o engenheiro diz ainda, que se a criança souber o motivo pelo qual está usando a peça, não será humilhante.
Roberta da Fonte deixou seu comentário no blog SarahDiz, onde o assunto é discutido. A internauta comenta, que o utensílio é tudo de bom e só quem é pai ou mãe, sabe o que é sair correndo em lugares públicos atrás de seu filho. “É bom, porque pode deixá-lo andar à vontade e caso tenha algum obstáculo, dá para travar”, diz Roberta.
Já a auxiliar administrativa, Geórgia Macêdo Rocha, diz ser contra o uso da coleira infantil. Mãe de uma menina de 2 anos de idade, considera ser frustrante para uma criança ter seus movimentos limitados. Nada substitui a sua orientação de lugares que podem ou não serem explorados pela filha.
Quanto aos pais que utilizam o acessório, Geórgia faz uma crítica: “Não queriam ser pais. O amor é paciente. Preferem usar artifícios a orientar de forma atenciosa e carinhosa.”
Bruno Ribeiro Braga, artista visual, tem um filho de 4 anos. Segundo o artista, o filho que é tratado semelhantemente a um animal de estimação, talvez não cresça com autoestima suficiente e não adquira desempenho necessário num adulto saudável. “Parece muito com coleira de cachorro, o que a meu ver, é humilhante um ser humano ser rebaixado a cachorro”, diz Bruno.
A psicóloga, Allice Gracyelli de Melo, diz não concordar, mas compreende o uso da coleira infantil. Segundo Allice, a mãe que utiliza esse recurso, inconscientemente passa o ensinamento do medo ao filho. Podando da criança a autoconfiança.
A autoconfiança é desenvolvida em longo prazo com conversas, conselhos que fortalecem a relação pai e filho. O ideal é evitar essas soluções maquinais, quando se trata de modelar comportamentos.
Quanto à humilhação, “depende dos valores da família sobre o conceito de humilhação e se caso a criança não queira usar a coleira”, diz a psicóloga.
Para a analista processual do MPU, Renata Cavalcante Scutti, a utilização da coleira humana em crianças é um tema polêmico, ficando a definição de seu caráter constrangedor em aberto.
A lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, dispõe sobre a proteção integral à criança e ao adolescente. Nesse aspecto, o artigo 18 do ECA, estabelece que: Art. 18. É dever de todos velar pela dignidade da criança e do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor.